quinta-feira, 25 de março de 2010

E AGORA...MANGÁ!



Vestido à Indiana Jones, de catana em riste a cortar lianas, a afastar as monstruosas teias de aranha e dar pontapés nas imensas Tarântulas que saem dos seus ninhos no chão, entro eu neste blog mais um batalhão de “mulheres-a-dias”. Se ainda houver alguém aí, que vá dando uma olhadela neste cantinho quase apodrecido, cuidado com os ratos!

Konitchua! É assim, rendi-me ao Japonês! Tinha que acontecer, mais tarde do que cedo é verdade, mas já está! E agora?! Se o vício já me custava os olhos da cara, como é que vou suportar os custos destas novelas terrivelmente adictas? A culpa é do Bongop e do Mário Freitas (Kingpin). A minha esposa irá “falar” com vocês em breve.
Passei na Kingpin of Comics, na rua Quirino da Fonseca em Lisboa (junto à Alameda D. Afonso Henriques) e apaixonei-me pelas estatuetas Ikki Tousen (eu sei, eu sei: tarado!)… e lá fui eu ao e-bay gastar uns dólares nas fabulosas Yamato. Mas não saí da Kingpin sem experimentar da “droga”, entre outras, que lá vendem: Mangá (http://en.wikipedia.org/wiki/Manga).


O meu conhecimento de Manga era tão parco que se resumia ao “Akira” e à “Mother Sarah” (este último, apenas li os primeiros três volumes editados pela desaparecida Meribérica), ambos da autoria do grande Katsuhiro Otomo, tendo o segundo arte do magnífico Takumi Nagayaso. Embora tenha já uma considerável colecção de Animé (cinema de animação Japonês), de Mangá praticamente nada conheço. Uma incursão, via Correio da Manhã, no volume 19 da colecção da BD de Ouro, no absorvente e introspectivo Jiro Taniguchi levou-me a considerar ler mais Manga, mas não tinha passado de uma intenção até há bem pouco tempo.
O Mário Freitas (que tem impulsionado a leitura e a divulgação do estilo com recentes certames) aconselhou-me a leitura de um magnífico “20th Century Boys”, um Seinen do celebrado mangaka Naoki Urasawa (muito conhecido pelos aficionados no estilo pelo título “Monster”). É um título considerado de ficção-cientifica (pese o facto que só vou no segundo volume e ainda não vi nada que justifique o género) que referencia abundantemente os anos 60-70 e que se debruça num grupo de amigos de infância e o clube por eles criado. Anos mais tarde, quando já trintões, são confrontados com o símbolo por um deles criado e por todos adoptado enquanto emblema do clube e estranhos acontecimentos associados: o desaparecimento de uma família; a morte de um velho amigo; e o aparecimento de uma seita supostamente religiosa liderada por um estranho e misterioso personagem que se intitula por “Amigo”. Todos estes acontecimentos convergem na trama que se vai desenrolando a um bom e muito bem escalonado ritmo, com uma apaixonante exploração dos imensos personagens envolvidos. Embora só tenha lido os primeiros dois volumes, o até agora verosímil enredo associado a uma excepcional e divertida arte realista trouxeram-me para o mundo da Manga com grande curiosidade para ler mais. Por tal, ter já encomendado os seguintes e já disponíveis quatro volumes em Inglês da Viz Media não será estranho a quem já é um fã e conhecedor de Manga.

Enquanto espero pelos seguintes volumes dos “20th Century Boys”, estou a ler, em simultâneo, “Vagabond” e “Pluto”.

Do dia para a noite, o título Seinen “Vagabond”, publicado também em Inglês pela Viz Media (Vizbig edition – três volumes compilados num só), é um épico Histórico, baseado na obra de Eiji Yoshikawa sobre um fantástico Samurai, “O” Samurai por excelência: Miyamoto Musashi. Este herói da História japonesa simbolizou o auge do Bushido (o caminho do guerreiro), no qual um homem com uma espada na mão representava o máximo da realização individual. Tendo vivido entre o final do séc. XVI e o início do séc, XVII, na era “Tokugawa” (poderosa família “Daimyo” descendente do Imperador Seiwa, no séx. IX), numa época já minada pelo poder da arma de fogo, era um verdadeiro senhor do Bushido. Ao contrário de muitos espadachins da época, que procuravam reconhecimento pelo confronto em duelo, Musashi procurava aprimorar a sua técnica. Fê-lo com distinção, segundo a lenda nunca foi derrotado em combate apesar de ter defrontado mais de sessenta adversários. A sua técnica era infalível e até hoje persiste no Kendo (Kenjutsu), numa disciplina chamada de Niten Ichi Ryu. “Vagabond”, da autoria de Takehiko Inoue, conforme já o escrevi, baseia-se no romance de Yoshikawa e é um belíssimo Manga onde a escrita é fluida entre os pensamentos intimistas do Samurai filósofo e a descrição de uma vida menos gloriosa daquela relatada nas lendas e no próprio romance de Yoshikawa. O desenho é realista, aproximando-se mais do estilo Europeu; é apaixonante e arrebatador nos cenários e não é confuso (se me permitem a falta de experiência na leitura de Manga) nas sequências de luta. Recomendo vivamente a quem goste do género histórico e excelentes cenas de acção.

No género da ficção-cientifica pura e dura cheguei a um “confronto” de gigantes: “Pluto: Urasawa X Tezuka”. Sendo um já antigo fã de Animé, obviamente já conhecia Osamu Tezuka (na imagem, num selo comemorativo com os seus mais famosos personagens), o criador do inesquecível Atomo (Astro Boy) e de Kimba, o leão branco. Uma vez mais Urusawa, já que tenho estado a gostar tanto do “20th Century Boys”, e como sempre gostei do Astro Boy do grande Osamu Tezuka, senti alguma curiosidade em ver qual seria a visão “actualizada” e repensada pelo Urusawa, supervisionada pelo filho do já desaparecido Tezuka. Este só agora o comecei a ler e tem demonstrado ser uma versão interessante da história original “The Greatest Robot on Earth”. Escrevo apenas que está a ser bastante agradável de ler enquanto adulto, o original Astro Boy é mais infantil e já não me acende a faísca de outrora.
Em lista de espera, na prateleira, estão “Nausicaä, of the valley of the wind” e “Gantz”. O primeiro é um trabalho em sete volumes de um dos gigantes de Animé, Hayao Miyazaki, que eu também faço intenções de trazer aqui…veremos se passará disso! O segundo poderão ler os magníficos posts em http://bongop-leituras-bd.blogspot.com/ do meu caro e ilustre amigo Bongop.


Sayonara (, Zetsubou-Sensei)…que é outra já na calha, hehehe! Alguém que me pare...

13 comentários:

Gio disse...

Xiiiiii! Como isto ficou! É pó, é pedaços de pólen pegados aos bytes, é crostas putridas... o teu blog parece a roupa interior duma noiva medieval casada em agosto! Confesso que de Manga, só li um episodio do "Akira" que tenho em casa.Folheei o "Mother Sarah" ainda no interior dum hypermercado e pouco mais. Já tinha ouvido falar de alguns dos livros de que falas sem todavia aguçar o meu interesse. Pode ser que depois do teu brilhante "post" eu me deixe arrastar pela onda e experimente os "desenhos sem responsabilidade".
(traduzido por alto). Já tinha ouvido um zum-zum de que tinhas aberto um bar-bd nas Bahamas com ecrã gigante na praia e projecção 24h/24h de filmes do Sergio Leone... afinal era boato.
Um abraço

Anónimo disse...

Há Mangá muito boa. Desde cedo que me rendi a ela. Aconselho igualmente, porque não, Lone Wolfe and Cube, Bleach e Death Note.

Anónimo disse...

Heh! Há um novo post aqui? :o

Já estava a pensar que tinhas-te reformado. Lol

Mas, e sobre o artigo, eu não sou muito fã de mangá embora possua alguns como os do Lobo Solitário, que comprei mais pelas capas do Frank Miller, e Akira além que uns quantos mais que raramente leio...

Não sei, acho que nunca me interessei muito pelo género mas depois de ler o teu artigo, fiquei com vontade de reler outra vez e ver com um novo olhar. Lol

Abraço e bem-vindo de volta. :)

Loot disse...

Em relação ao dinheiro como te entendo. Um tipo já gasta bem e de repente veio o mangá pa ajudar lol. Sim porque não vou deixar de ler os outros géneros.

Depois são colecções que nunca mais acabam :S

A 1º Manga que li foi o Akira que é soberbo, continua ainda hoje a ser a minha predilecta. Problema é que na altura não se editava mangá por cá e o bichinho acabou por ficar adormecido uns anos.

Não sou um grande conhecedor mas Naoki Urasawa éstá em grande. Também adoro o Pluto (vou no 4º) e já tenho o 1º do Monster.

Gantz li os 2 primeiros e gostei mas prefiro outros trabalhos.

Blade og the immortal também vale a pena e tem uma arte magnífica.

De resto só li duas coleções do inicio ao fim, Akira e Death Note.

Nuno Amado disse...

Bom... tenho de confessar que entrei aqui com uma mola no nariz... o cheiro a mofo neste cantinho é deveras intenso!
:D
Quanto eu ser culpado... bem a tua mulher só tem de agradecer porque irás encher muito depressa muitas estantes com livros baratos!
:P
Pluto já estava na calha para as minhas próximas compras, mas primeiro tenho de comprar o Death Note (do qual só tenho os dois primeiros volumes).
Depois de te habituares aquela japonesice de ler ao contrário aquilo torna-se viciante...
:)

Abraço

Miguel Antunes disse...

Boas Bongop!

Manga é um mundo inteiro a descobrir.

Recomendo ao Gio dar uma oportunidade ao famoso Monster, do Urasawa. Acho que é uma boa iniciação ao estilo Manga.

Grande abraço.

refemdabd disse...

Seria pouco à maneira: barzinho nas Caraíbas, muita BD e pouca chatice...-Faz favor, é um primeiro prémio do Euromilhões para esta mesa!

Tendo começado agora, já estou a apontar as vossas sugestões...com o euromilhões que pedi para a mesa, concerteza que me reformava :)

Agradece?! hehehe...és um lirico! O Loot é que escreveu bem: não abdicamos de uma em prol da outra; a factura sobe sempre.

Olá Miguel, bem-vindo...mesmo que por engano, hehehe. Era na primeira à direita!

Miguel Antunes disse...

Boas refemdabd.

Obrigado. Desde pequenino que sempre gostei de bd e agora decidi procurar blogs sobre bd portugueses para conhecer mais coisas e para partilhar opiniões. Vim ter a este através de busca e agora passarei a vir cá mais vezes. :)

Grande abraço.

Optimus Primal disse...

Ai esta uma coisa que não me puxa muito.

Rafeiro Perfumado disse...

Só tens uma saída: começa a fumar, é capaz de ser um vício menos dispendioso do que este!

Abraço!

refemdabd disse...

Miguel, é um grande orgulho saber que passarás por cá, presumo por teres gostado; pena é que eu seja um calão na actualização deste espaço!

Manuel, é bom que não te aventures, pois isto é mesmo viciante...nunca mais sai o número 7 do 20th century boys...já estou com tremores!

Rafeiro, por ano já estão orçamentados cerca de 1210 euros...tantos livrinhos, tantas prateleiras cheinhas...vou deixar de fumar, está decidido.

Rafeiro Perfumado disse...

1210?!? Tens consciência que com isso podes comprar uma caçadeira e uma meia opaca e conseguir os livros por muito menos?

refemdabd disse...

A roubar na estrada com uma shot-gun Bernardelli novinha a cheirar a óleo e com uns collants da Women Secrets enfiados na carola: PASSA PARA CÁ O GUITO! DEPRESSA...E NÃO ESTRABUCHA! VÁ...SIGA! Já agora, não me arranjava um cigarrinho, por favor? :P