Baby Blues é uma famosa e amplamente apreciada strip-comic desde praticamente a sua criação em 1990. Foi criada pela dupla, já galardoada, Rick Kirkman e Jerry Scott (também co-criador da strip-comic “Zits”). Publicada na língua original – Inglês – em livro pela Andrews McMeel Publishing, nos jornais é “syndicated” pela King Features e em Portugal é editada pela Bizâncio, conta já com 24 “scratchbooks” (todos já em Português) publicados e oito “treasurys” (três em Português, sendo o último, em formato “scratchbook”, uma colecção das melhores tiras em que a escola é o assunto).
A série conta, em formato de tira, as peripécias quotidianas de uma família Norte-Americana em tempo quase real. Os criadores indicam que o rácio de tempo será de 3 para 1. Começou em 1990 com o nascimento da filha do casal MacPherson, Darryl e Wanda, seu crescimento e tudo o que advém de criar um filho. Para além de hilariante é, ao mesmo tempo, assustador. Comecei a ler estas tiras já a série ia no 18º livro editado em Português, por tal e dando o benefício da dúvida a quem me dizia que ir-me-ia divertir imenso a lê-las, decidi comprar o primeiro livro”treasury”. Nunca tinha por ela mostrado grande interesse, pese o facto de a ver há muito nas livrarias; o desenho não me agradava muito, à primeira vista, e pré concebi a série como sendo para mamãs e papás que gostavam de rever os seus rebentos numa qualquer série de formato tira cómica. A surpresa foi muita quando dei por mim a ler esse “treasury” (condensado das melhores tiras até então, com explicações e curiosidades contadas pelos autores) e a rir, por vezes à gargalhada. Antes eles que eu, pensava. Até que, mais tarde e já depois de ter lido a colecção quase toda, dei também por mim a perguntar-me: “será que é mesmo assim, ou isto está exagerado?!”. Esta pergunta surgia do então facto de ter recentemente casado e estarmos a pensar em ter filhos. Embora fosse uma série cómica, certos títulos e tiras, como por exemplo, “O Regresso dos Mortos de Sono”("Night of the Living Dad"), preocupavam-me e faziam-me perguntar se teria estofo para uma vida que até então tinha sido de um egoísmo estóico e, claro, de descanso absoluto. Os testemunhos dos fãs da série, expressos nesse “treasury”, eram assustadores…e isto é dizer pouco! A experiência de amigos pessoais, que tinham sido pais há pouco tempo, ainda era mais assustadora. Mas rematavam sempre com “ – …mas vale a pena, amigo. Não há nada melhor e não trocava esta experiência por nada, absolutamente nada, deste Mundo.”. Eu, não conhecendo outro Mundo senão este, e não havendo no panorama hipóteses de virmos a descobrir outro, pensei que estava realmente mais do que na hora para viver a (de facto maravilhosa) experiência que é “ter” e criar um filho. A minha esposa já tinha o seu relógio biológico acertado e lá fomos à aventura (e ainda bem, pois sem ela eu não o conseguiria “ter”).
Posso afirmar que após ter lido o “treasury”, e ainda durante aquela fase do “vamos-não-vamos”, fiquei viciado na série. Gastei uma pipa de massa a adquirir, em tempo recorde, os livros todos da série até então (18), pois lia-os a um ritmo frenético e sempre cheio de boa disposição (tirando aquelas fases introspectivamente assustadoras do “Uí! O que me espera!” e “Será que terei estofo?!”). A minha esposa tornou-se uma fã incondicional da série também.
Obviamente, não decidimos ter um filho por causa desta série, nem seria esta série que nos faria decidir o contrário, caso haja alguém a perguntar-se se eu seria cretino ao ponto de tal. Consigo ser cretino em muitas coisas e até com uma certa facilidade, mas nesta não fui.
A série acompanha o crescimento dos filhos do casal MacPherson, primeiro o da filha Zoe, dois anos depois o do filho Hammie e finalmente, 9 anos depois da Zoe, da filha mais nova, Wren.
Zoe Madison MacPherson, a primeira estrela da série, é uma faladora nata, tipo matraca, cheia de si e que acompanhamos desde os seus primeiros dias como gente. Ao longo da série vai crescendo, gatinhando, caminhando, aprendendo a falar, o primeiro dentinho e a ida para a pré-escola e escola. Tem actualmente 9 anos. É uma espertinha sem ser uma verdadeira peste, não é nenhuma Mafalda, nem nada que se pareça, é apenas uma criança como as outras. É uma queixinhas e tem a relação que qualquer irmã mais velha tem com o seu irmão mais novo. Negociadora nata à mesa do jantar.
Hamish MacPherson, assim chamado em memória do avô da Wanda, é alvo de algumas graçolas devido ao diminutivo pelo qual é chamado: Ham ou Hammie (Presuntinho). As suas primeiras palavras foram “Buldozer” (Buh-dozer) e “Bazuka”, para mal dos pecados da sua Mãe. Tem um conhecimento profundo de tudo o que é marcas e especificações técnicas de camiões de dezoito rodas. É um destemido. A sua Mãe diz: “É possível tirar a criança do perigo, mas é impossível tirar o perigo da criança”. Também é um queixinhas, claro. Adora infernizar a irmã mais velha, mas falta-lhe a experiência dos anos para levar a melhor. Tem actualmente 6 anos, mas também acompanhamos o crescimento desde o seu nascimento.
Wren MacPherson, a mais nova, tem actualmente um ano e ainda se encontra a descobrir o seu lugar na série. Sendo a última e não querendo os autores repetirem-se é mais modesta nos préstimos à série, que obrigatoriamente partilha com os manos mais velhos. É, no entanto, a esperança para novas e melhores tiras que escaparam aos autores aquando do crescimento dos outros dois petizes.
Depois ainda temos a panóplia de “artistas convidados”: a irmã da Wanda, Rhonda, uma jovem solteira e bem sucedida profissionalmente, mas que é inferiorizada pela sua Mãe por ainda não lhe ter dado netos. Os vizinhos Afro-Americanos, Yolanda e Mike, que também têm filhos que acompanham o crescimento dos do casal MacPherson. Os outros vizinhos, que gozam de um nível superior de vida, Bunny e Butch, onde a mulher, é um tanto ao quanto peculiar: perfeita de figura, embora Mãe de três, tem tempo para tudo e para mais alguma coisa e parece que tudo faz sem esforço, o que irrita as vizinhas, embora não se aperceba disso. Mãe de três: Bogart, o mais velho, e um casal de gémeos idênticos que vestem de igual e que se chamam Wendell John e Wendell Jon (!). O Bogart come pratos rebuscados de fusão e comida intercontinental, porque, segundo a Mãe, “ele é muito exigente”, mas quando é deixado na casa dos MacPherson come “Mac & Cheese” de pacote e pede a receita, com os olhos arregalados de prazer, para dar à sua Mãe.
Os Sogros, pois claro, que têm um catálogo de brinquedos irritantes e barulhentos.
Trent, o amigo terrível do Hammie, também é um figurão.
Sorrisos e gargalhadas garantidas. Para quem ainda não teve a sorte de ser Pai ou Mãe, será sem dúvida um deslumbre do que aí poderá vir, para o bem e para o mal; para quem não quer absolutamente ser Pai ou Mãe, será também um deslumbre na proporção inversa. Mas as gargalhadas estão garantidas.
PS: Ainda “strip-comics”, eu gostaria de ver publicadas as aventuras e desventuras do inigualável “Van Dog”; e vocês? Será que o António Pilar não está interessado?!
16 comentários:
Olá Refem
Esses “treasurys” estão editados em português? E a cores?
Tás bom? ahahahah
É bom ver que voltaste a escrever sobre BD, que ainda porcima não conheço!
Abriste-me a curiosidade, tenho de espreitar para dentro do livro na Bulhosa... mas não tou a ver editarem em Portugal livros de tiras a cores! Tiras cómicas não são o meu forte decididamente... Em casa só tenho Haggar! E ofereci os Peanuts.
É bom ver-te de volta, ainda para mais com esta excelente série (tenho alguns números), recomendo a todos os que gostam de "tirinhas" (como disseste).
Outras séries a ter em conta são
Calvin & Hobbes (já toda a gente sabe como isto é bom).
garfield (idem aspas)
Peanuts (mais uma vez idem aspas)
Zits( muito bom)
Foxtrot (MUITO BOM)
Todos estes têm traduções para português.
fica bem!
Só tenho um desta serie, mas é como dizes: gargalhada a rodos. :))
E claro, assino embaixo numa futura publicação do Van Dog! :D
Abraço. :)
PS. Bom ver-te de volta com mais uma critica excelente. ;)
Eu ofereci o primeiro à minha prima grávida, achei uma prenda bem divertida para os recentes papás :)
Agora a ver se lho peço emprestado, pareceu-me bem engraçado :P
Abraço
Os treasurys estão editados em Português e as tiras de Domingo são a cores. No caso das publicadas aqui foram gentilmente cedidas pelo Baby Blues official site, as quais são todas (ou quase todas) coloridas. Reparei que não se consegue editá-las para as ver maiores...o que é uma pena. Peço desculpas por tal. É o que dá ainda não ter investido num scanner.
Abraço grande ao pessoal todo e um muito obrigado pela forma como me receberam de volta (fosga-se, lá estou eu a vacilar...foi uma poeira, foi uma poeira.)
Já agora, Radjack, a tira diária Foxtrot foi recentemente cancelada pelo autor, que quis seguir outros objectivos. Passou a ser publicada apenas ao Domingo. Tão depressa não veremos mais livros dessa excelente série.
Quanto ao Van Dog, já merecia um livrinho em papel!
:)
Ah, finalmente resolvestes atualizar teu blog! Eu o incluí há tempos na lista de links do meu!
Esta série é conhecida, aqui no Brasil, por Zoé e Zezé, e já foi publicada em vários jornais. Recentemente, saiu uma coletânea brasileira da série, que também acho muito divertida, um retrato da vida como ela é.
:D gosto gosto, qdo vou com o diabbo-marido costumo ficar a ler estes aventurados papás.
Agora pó vesgarolho o Bongop:
Não tens vergonha?? Dizer que não conheces? Deves achar que eu só pego em livros sem desenhos não?? Eu até já te mostrei estes!! Vesgo! Deves ter pensado "ai é mesmo de gaja, pegar num livro onde os desenhos são de papás, mamãs e bebés"... pfff preconceituoso!!
Ahhh e sim, o Van Dog já merecia livro, já perguntei para qdo (há muito tempo), acho que na altura "ainda não era tempo"... um dia destes pergunto-lhe de novo.
Aquele cão tem muito carisma!
beijo d'enxofre
Boas e boa surpresa este teu "regresso" (enquanto eu preparo o meu...lol)!
Não obstante preferir largamente as aventuras de Calvin e companhia, reconheço que os "baby blues" têm o grande mérito de arrancar sorrisos e criar uma forte empatia a quem já teve a felicidade de ser pai (e mãe), por se reverem muitas vezes nas situações exploradas!
Na questão da edição de "tirinhas", chateia-me não publicarem isto ou no formato franco-belga ou no formato comic americano...vá-se lá perceber esta "minha" pancada"!!! Deve ser por uma questão de arrumação!! Freud talvez soubesse explicar!
Grande Rafael, é bom ver que este humilde blog já chegou a mais um leitor no Brasil. Espero ler aqui mais vezes comentários teus. Já chequei o teu blog e gostei; é muito interessante ler notícias do outro lado do Atlântico.
Grande abraço.
@verbal: sim, já ando de volta do teu blog para ver quando vem aí um novo post. Este formato é mais adequado às tiras. Se bem que o melhor mesmo é o adoptado nos últimos livros da série Foxtrot. Foi o Bill Amend que o exigiu para melhor enquadrar as "Sunday pages".
Temos que apertar com o Pilar para cortar umas tantas árvores (coitadinhas delas) e fazer uns livrinhos. Tudo bem, a Net é considerada mais ecológica (o que é mentira, por sinal), mas eu gosto mesmo é do velho formato em papelucho e lá na parteleira.
Diabba, um homem tem que ser um homem, possas! Mas quando não estás a olhar, lá vai ele curtir um sorrizinho e uma lágrimazinha só dele.
que legal, tudo aqui!!!
beijos
Essa do Foxtrot acertou-me em cheio, parece que este blog anda muito poeiren, já sou o segundo (a contar com o refém) com poeira no olho...
Legal são as suas palavras Andréa, muito obrigado. Bjs.
O Baby Blues é visita regular na minha mesa-de-cabeceira e transforma-se sempre no presente que ofereço a recentes pais!
Adoro!
Bem-vinda Su. Já estive no teu "Aqui Bimba-se" e adorei! Já sou cliente.
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