terça-feira, 5 de agosto de 2008

HARVEY COMICS


Quem não se lembra dos gibis Brasileiros? Gibis publicados pela RGE, Vecchi, Cruzeiro S.A., Bloch Infanto Juvenil, Abril, Trieste, Cedibra, EBAL, Idéia Editorial. Saudosas editoras Brasileiras que nos traziam inúmeros títulos dos melhores clássicos Norte Americanos. Títulos os quais, alguns, já nós conhecíamos através de revistas muito Portuguesas, caso do Mandrake e do Fantasma, por exemplo. Mas desta vez o que me traz a este post são outros personagens que brilhavam nas páginas dos formatinhos Brasileiros e que fizeram as delícias da miudagem de outrora. Personagens como o Gasparzinho, o Brasinha, a Brotoeja e a Bolota, o gigante Miudinho serão concerteza nomes Portugueses (ou Brasileiros, se preferirem) que farão tocar algumas campainhas de uma memória já guardada num qualquer arquivo encefálico que pensávamos perdido. Para os mais novos, serão muito provavelmente nomes completamente desconhecidos, mesmo quando associados às imagens que ilustram este post.
Vou tentar puxar pela minha memória, com a ajuda do meu acervo de gibis e da maravilhosa Internet, para conseguirmos relembrar uma outra perspectiva dos Comics, muito bem amada pelos fans, Industria e, sejamos francos, pelos censores (esses malvados, pérfidos e asquerosos seres que afinal de conta se preocupam com as criancinhas). Refiro-me a tais criaturas porque existe um personagem, Little Lotta (Bolota), que foi considerado o pior exemplo que uma menina poderia dar; no entanto a simpatia aliada à bondade e o apetite que todas as mães gostariam que os filhos tivessem, foi forte dissuasor da respectiva censura e erradicação da redonda e super forte menina; também o Hot Stuff (Brasinha), por ser um diabinho, foi sujeito a alguma preocupação por parte dos censores, no entanto acabou por escapar quase que incólume.
Nasce este post por eu ter começado a adquirir as compilações da Dark Horse da Marge’s Little Lulu (1935; publicada pela Abril nos anos 70 e já antes na editora "O Cruzeiro" nos anos 50 aos 70 – Luluzinha, Bolinha França, Juca, Zeca, Careca, Aninhas, Alvinho, Plínio, Glória e outros). Irei fazer um post dedicado apenas a Marjorie Henderson Buell e seus famosos personagens muito brevemente. O prazer que eu tive em relembrar as leituras da minha infância – que não eram exclusivas da Walt Disney – fez-me lembrar de outras também muito apreciadas. Sorte das sortes! Coincidiu esta releitura com o lançamento das compilações dos principais personagens da Harvey Comics, efectuadas pelo Leslie Cabarga (Autor, Ilustrador e Designer) e pelo Jerry Beck (Historiador especialista em cinema de animação). Qual foi a minha agradável surpresa quando entrei na BDMania, para levantar mais um número da Little Lulu, e encontrei o número um dessas compilações: “Casper, the Friendly Ghost”! Já com mais dois volumes publicados (“Richie Rich” e “Hot Stuff”), outro prestes a sair (“Baby Huey”) e um quinto já na calha (“Little Dot, Little Lotta and Little Audrey”). São um sucesso de vendas e espera-se que venham a ter muitos mais números publicados.
As aventuras eram dedicados às crianças, pese o facto de alguns dos seus personagens serem tradicionalmente figuras que assustariam qualquer criança: diabos, fantasmas, feiticeiras, gigantes. Apesar de dedicados à criançada, os adultos também se rendiam, afinal quem não era o adulto que sonhava em ter a fortuna de um Richie Rich?! Qual não era o adulto que se desmanchava a rir com as desventuras do Sad Sack (Recruta Biruta – Abril)? Este último foi considerado uma cópia mal atingida do famosíssimo Beetle Bailey (Recruta Zero), criação do imortal Mort Walker; no entanto, criado por George Baker, Sad Sack (1941) é anterior a Beetle Bailey (1950). Este mal entendido dever-se-á à chegada do Recruta Biruta à língua Portuguesa quase que simultâneamente com o Recruta Zero. As histórias da Harvey Classics eram aparentemente simples, mas na verdade abrangiam a cultura clássica e eram cuidadosamente exemplares na transmissão do certo e do errado, assim dotadas de uma moral facilmente depreendida pelo público-alvo. Frize-se que esta editora foi, também, contemporânea da geração “Baby-Boom”.
A Harvey Comics começou, muito antes de aparecerem os personagens já referidos e que caracterizaram o estilo “Harvey”. Iniciaram-se como as outras grandes editoras de comics, isto é, com super-heróis. Personagens como o “Captain Freedom”, herói da Golden Age of Comics, criado por um até hoje desconhecido autor que assinava com o pseudónimo “Franklin Flagg”. “Spirit of 76” é outro herói que merece destaque: criado por Gary Blakey e Bob Powell, foi figura de proa no comic “Green Hornet”, tendo no entanto debutado na “Pockett Comic” #1 (1941), comic que lançou a Harvey. Este personagem foi mais tarde recriado pela dupla Roy Thomas e Frank Robbins na Marvel; chegou a ser desenhado pelo inesquecível Jack Kirby. Também o “Captain 3-D” merece destaque por ser uma das primeiras revistas em 3-D, vendida com os óculos bicolores (foi, também, mais tarde readaptado pelo Roy Thomas). Outro que foi um marco é o herói “Fighting American”: este herói, contra todas as habituais prácticas na Industria dos Comics, era propriedade dos seus autores, Joe Simon e Jack Kirby; foi publicado pela Crestwood Publications/Prize Comics, depois pela Harvey Comics e finalmente pela Marvel; embora tenha parecenças gritantes com o “Captain America”, os seus criadores afirmaram que não foi influenciado por este, apenas era produto da época. Apesar de se terem iniciado com os super-heróis, a Editora não conseguiu ter em carteira heróis suficientemente populares para os manter, o que , malogradamente no final lhes foi fatal.
Não querendo fazer mais um mega post, vou apenas aconselhar-vos a adquirirem um destes magníficos livros. Irão apaixonar-se, mais uma vez, pelos simpáticos personagens que saíram do génio de autores/artistas como Warren Kremer, Howard Post, Seymor Reit, Joe Oriolo, Vic Herman e outros, todos eles sob a alçada dos irmãos Leon, Robert e (especialmente) Alfred Harvey os quais, em1941, decidiram lançar-se no Mundo dos Comics com a sua própria chancela; primeiro o Alfred, que comprou a Brookwood Publications, ao qual se juntaram logo depois os seus dois irmãos. Até ao seu declínio foi uma referência no universo dos Funny Books. Ainda hoje arrasta um enorme número de fans e outros saudosistas, que, embora não sejam leitores habituais de comics, sempre que sai uma compilação, compram.
Não só nos Comics esteve a Harvey presente. Também na animação deram grandes passos com o seu estúdio (Harvey Films) e os seus Harvey Toons. Começaram em 1951, após licenciarem famosos personagens de outros estúdios (MGM; Hanna-Barbera). Tal foi o sucesso que mais tarde optaram por adquirir os direitos dos personagens (Baby Huey; Casper, etc.). Sucesso que durou até 1979 e que hoje é recordado por muitos que gostariam de os ver voltar, eu incluído.
Deverão ficar na nossa memória e regularmente revisitados, pois são um agradável “clister-mental” (eu sei que a analogia pode não ser a melhor, mas é sem dúvida isso: ajuda a esvaziar a mente do quotidiano pesado, enquanto se lêem).

6 comentários:

Anónimo disse...

Rapaz.....Este post traz-me memórias já quase esquecidas de tardes a ler o Bolinha, o Riquinho, o Brasinha e companhia....
Há quanto tempo não pensava nesses personagens dos meus tempos de criança...
Excelente post como sempre.
Abraço. :-)

Nuno Amado disse...

Olá Pedro
Tava a ver que nunca mais postavas nada! E eu não reparei em mais uma excelente lição de história do Mundo da BD! Devias alterar o nome do blog para "História Universal da BD"!
Muito fixe, este revisitar da minha infância/pré-adolescência! Muito me divertia eu a ler estas revistas!
Olha, o teu blog ganha se lhe alterares as dimensões de html. O meu tb era assim, e vais concordar que com o texto mais largo e imagens maiores fica mais apelativo! Se quiseres mando por mail meu lay-out !

Anónimo disse...

[Olha, o teu blog ganha se lhe alterares as dimensões de html. O meu tb era assim, e vais concordar que com o texto mais largo e imagens maiores fica mais apelativo! Se quiseres mando por mail meu lay-out !]
Ou então se quiserem alterar mesmo a sério (imagem no fundo, favicon, etc...), terei todo o gosto em partilhar o que aprendi brincando com o meu blogue e pela net... eheheheheheh

refemdabd disse...

Meus caros, fico feliz e muito orgulhoso com as vossas elogiosas palavras.MUITO OBRIGADO.

É verdade, já tinha visto o teu lay-out e já tinha andado a cavar a ver se encontrava a forma de alterar o meu. É que esta coluna estreita arrisca-se sempre a ser muito comprida; isso para além do facto de só dar para meter imagens pequenas e tipo "esquerda...escreve...direita....". Pois agradecia-te imenso se pudesses então enviar-me esse lay-out, sff. Já agora, se não é abusar, a maneira de como aplicá-la.

ocp, hehehe, o teu blog "vai lá, vai!!!" é para profissionais. Favicon?! Confesso a minha profunda ignorância. Também a minha perguiça, verdade seja dita. Como diz o povo: "Casa de Ferreiro, espeto de pau". Todas as sugestões e ensinamentos serão muito bem-vindos.

Agradeço-vos do fundo meu coração a vossa oferta.

Anónimo disse...

Profissionais??? Ahahahahahahahah...
Nem por isso, só algumas mudançazinhas que fiz para mudar um pouco o estilo do blogger. ;-)
Favicon é aquela imagem que aparece junto ao endereço do dito cujo no browser, se utilizas o Firefox fica fixe, no IE não sei que já há algum tempo que deixei de usar...
É muito fácil de colocar (só é preciso adicionar uma linha de código html no template) e distingue o blogue dos demais na minha modesta opinião. :-D
Já a mudança do template , aí é outra história, é preciso saber que procuras...
Se quiseres, deixa-me uma mensagem no meu contacto do meu blog a dizer que queres alterar e eu mando-te uma espécie de tutorial a mostrar passo a passo como fazer...:-)
Se quiseres, até te posso tentar arranjar um template já com as alterações pretendidas e envio-to, aí só tens que o colocar no sitio.
Abraço. :-)

Rob Reb disse...

Olha no ano de 1964 eu tinha seis anos e me lembro que os títulos da Harvey lançados no Brasil forma feitos pela editora Lisa (livros irradiantes). Também vários personagens da turma da Luluzinha foram feitos pela mesma editora. O formato do gibi era maior do que o atual. Também em Portugal foram lançados vários títulos de história em quadrinhos norte-americanos foram feitos pela editora Artenova. Tal como o Kid Farofa e outros.
http://www.guiadosquadrinhos.com/gibis-da-editora/artenova/230
http://gibisclassicos.blogspot.com.br/2012/09/patota-n-1-editora-artenova-1973.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Famous_Studios
http://www.amazon.com/exec/obidos/ASIN/B000GG4XWE/ref=nosim/cartoonresearch/TARGET=
http://www.amazon.com/exec/obidos/ASIN/B000GG4XWE/ref=nosim/cartoonresearch/TARGET=
http://comicbookplus.com/?dlid=47092
http://kickass.to/abbott-and-costello-comics-015-1952-st-john-c2c-jvj-soothsayr-movielover-novus-cbz-t9370281.html
http://kickass.to/laurel-hardy-pdf-t3505268.html