Quem não se lembra do clube dos rapazes da rua de baixo – East Side – que reuniam num barracão, no qual, na fachada, lia-se “menina não entra”? O Bolinha, o Careca, o Juca e o Zeca (Tubby, Iggy, Willy Wilkins e Eddie Stimson, respectivamente, no original) urdiam planos para humilharem as meninas da sua turma; ao mesmo tempo refugiavam-se da turma do Norte (The West Side Boys), eternos arqui-inimigos da parte mais desfavorecida da Cidade. Pese o facto de os rapazes serem maiores fãs do Bolinha França (Thomas “Tubby” Tompkins, no original), a verdadeira heroína desta turma é, de facto, a Luluzinha Palhares (Lulu Moppet, no original). Será uma ironia o aviso expresso na parede do barracão do clube dos rapazes, pois se não fosse pela Lulu nunca teria existido a famosa turma.
Little Lulu é uma criação da já desaparecida Marjorie “Marge” Henderson Buell (1904 – 1993). A Marge foi uma das mulheres pioneiras na profissão de cartunista, profissão amplamente – ainda hoje – dominada pelos homens. Em 1920 publicou o seu primeiro trabalho e em 1925 o seu primeiro trabalho “syndicated”, “The Boy Friend”. Em 1934 foi contratada pelo Saturday Evening Post e em 1935, naquela publicação, surgiu o primeiro desenho da Lulu. Só passados 9 anos é que o personagem começou a ser publicado diariamente nos jornais. O sucesso foi tremendo e tornou-se um fenómeno de marketing. A Marge detinha os direitos sobre o seu personagem (o que, naquele tempo, era raríssimo) e foi a principal beneficiadora do sucesso da sua criação. Em 1947 deixou de desenhar ela própria as histórias do personagem tendo, no entanto, mantido o controlo criativo do mesmo, desenhado desde então por John Stanley. Em 1971, Marge decidiu reformar-se e vendeu os direitos à Western Publishing. Ainda hoje os seus trabalhos originais são muito disputados nos leilões, atingindo consideráveis valores. Comics das editoras Dell e Gold Key são altamente coleccionáveis. A editora Norte Americana Dark Horse, muito recentemente, reeditou cronologicamente em 18 volumes as aventuras da “Little Lulu” (e sua turma) e mais um volume fora-de-colecção a cores pela iniciativa e amor aos personagens de John Stanley. As aventuras do personagem foram exportadas para diversos países (Japão, Grécia, Arábia, Finlândia, Espanha, e, claro, Brasil). A Devir Brasileira tem os livros da Dark Horse traduzidos para Português.
Até nós, Portugueses, chegou-nos do Brasil e também foi um sucesso. Guardo com cuidado esses gibis, pois confesso, ainda hoje gosto de reler as aventuras dessa turma e embora as reedições da DH sejam de grande qualidade, faltam-lhe alguns dos trabalhos que eu mais gosto. Entre essas aventuras que faltam, a minha favorita é sem dúvida “Summer Camp”, publicada nos anos 70 pela “Editora Abril” (originalmente pela Gold Key comics em formato gigante). É uma mega aventura muito ao estilo das férias da pequenada Norte-Americana (campo de férias), muito divertida, extremamente bem escrita, onde se inclui uma das famosas histórias inventadas pela Lulu com o intuito de dar uma lição de moral ao terrível Alvinho (Alvin Jones, no original) onde Meméia e a Alcéia atormentavam a Pobre Menininha.
A editora Abril publicou um total de 227 números (1974 – 1992) com periodicidade mensal. O tamanho inicial era o chamado formatinho (21x13,5) e manteve-se assim até ao número 67. A partir de número 68 e até ao final foi publicado no formato (19x13,5). O número 1 é uma edição especial das Diversões Juvenis (lembram-se do Alceu e Dentinho? Rocky & Bullwinkle, no original); a numeração apenas se iniciou na capa do número 3.
Antes da editora Abril, no Brasil, foram publicados pela editora O Cruzeiro (algumas destas revistas, em formato Comic, aparecem esporadicamente no Miau.pt).
Nos EUA a DELL publicou 268 números (1947 – 1984).
Para além dos já mencionados personagens, podem também lembrar-se do Plínio (Wilbur Van Snobbe), da Glorinha (Glory), da Aninhas (Annie), Dona Marocas (Miss Feeny) do Seu Jorge Palhares (George Moppet) e da D. Marta Palhares (Martha Moppet), do grande detective “O Aranha” (“The Spider”), que não era outro se não o próprio Bolinha e muitos outros inesquecíveis personagens.
As histórias eram aparentemente simples, mas continham nelas todo o quotidiano das normais crianças dos anos 30/40 do século XX, indo adaptando-se aos tempos, mas sem nunca perder o ideal da infância feliz, livre e despreocupada que se tem vindo a perder nas décadas mais recentes. A moral era forte, a escrita, há semelhança dos outros comics, é que não era exemplo para nenhuma criança: maneirismos e contracções próprias da fala reflectiam-se na escrita. Não existiam mensagens políticas, nem existencialismos disfarçados de crianças. Eram e são histórias para crianças que só precisam de ser isso mesmo.
Eu, embora adulto, ainda gosto de revisitar essa ingenuidade, por momentos sentir-me ainda criança. Só tenho conseguido este breve e quase efémero sentimento, enquanto leio, nos personagens da Harvey e nos da Marge. Quando não leio, é fácil: brinco com o meu filho. Nunca hei-de ser velho ao ponto de não tentar sentir-me como uma criança.
Little Lulu é uma criação da já desaparecida Marjorie “Marge” Henderson Buell (1904 – 1993). A Marge foi uma das mulheres pioneiras na profissão de cartunista, profissão amplamente – ainda hoje – dominada pelos homens. Em 1920 publicou o seu primeiro trabalho e em 1925 o seu primeiro trabalho “syndicated”, “The Boy Friend”. Em 1934 foi contratada pelo Saturday Evening Post e em 1935, naquela publicação, surgiu o primeiro desenho da Lulu. Só passados 9 anos é que o personagem começou a ser publicado diariamente nos jornais. O sucesso foi tremendo e tornou-se um fenómeno de marketing. A Marge detinha os direitos sobre o seu personagem (o que, naquele tempo, era raríssimo) e foi a principal beneficiadora do sucesso da sua criação. Em 1947 deixou de desenhar ela própria as histórias do personagem tendo, no entanto, mantido o controlo criativo do mesmo, desenhado desde então por John Stanley. Em 1971, Marge decidiu reformar-se e vendeu os direitos à Western Publishing. Ainda hoje os seus trabalhos originais são muito disputados nos leilões, atingindo consideráveis valores. Comics das editoras Dell e Gold Key são altamente coleccionáveis. A editora Norte Americana Dark Horse, muito recentemente, reeditou cronologicamente em 18 volumes as aventuras da “Little Lulu” (e sua turma) e mais um volume fora-de-colecção a cores pela iniciativa e amor aos personagens de John Stanley. As aventuras do personagem foram exportadas para diversos países (Japão, Grécia, Arábia, Finlândia, Espanha, e, claro, Brasil). A Devir Brasileira tem os livros da Dark Horse traduzidos para Português.
Até nós, Portugueses, chegou-nos do Brasil e também foi um sucesso. Guardo com cuidado esses gibis, pois confesso, ainda hoje gosto de reler as aventuras dessa turma e embora as reedições da DH sejam de grande qualidade, faltam-lhe alguns dos trabalhos que eu mais gosto. Entre essas aventuras que faltam, a minha favorita é sem dúvida “Summer Camp”, publicada nos anos 70 pela “Editora Abril” (originalmente pela Gold Key comics em formato gigante). É uma mega aventura muito ao estilo das férias da pequenada Norte-Americana (campo de férias), muito divertida, extremamente bem escrita, onde se inclui uma das famosas histórias inventadas pela Lulu com o intuito de dar uma lição de moral ao terrível Alvinho (Alvin Jones, no original) onde Meméia e a Alcéia atormentavam a Pobre Menininha.
A editora Abril publicou um total de 227 números (1974 – 1992) com periodicidade mensal. O tamanho inicial era o chamado formatinho (21x13,5) e manteve-se assim até ao número 67. A partir de número 68 e até ao final foi publicado no formato (19x13,5). O número 1 é uma edição especial das Diversões Juvenis (lembram-se do Alceu e Dentinho? Rocky & Bullwinkle, no original); a numeração apenas se iniciou na capa do número 3.
Antes da editora Abril, no Brasil, foram publicados pela editora O Cruzeiro (algumas destas revistas, em formato Comic, aparecem esporadicamente no Miau.pt).
Nos EUA a DELL publicou 268 números (1947 – 1984).
Para além dos já mencionados personagens, podem também lembrar-se do Plínio (Wilbur Van Snobbe), da Glorinha (Glory), da Aninhas (Annie), Dona Marocas (Miss Feeny) do Seu Jorge Palhares (George Moppet) e da D. Marta Palhares (Martha Moppet), do grande detective “O Aranha” (“The Spider”), que não era outro se não o próprio Bolinha e muitos outros inesquecíveis personagens.
As histórias eram aparentemente simples, mas continham nelas todo o quotidiano das normais crianças dos anos 30/40 do século XX, indo adaptando-se aos tempos, mas sem nunca perder o ideal da infância feliz, livre e despreocupada que se tem vindo a perder nas décadas mais recentes. A moral era forte, a escrita, há semelhança dos outros comics, é que não era exemplo para nenhuma criança: maneirismos e contracções próprias da fala reflectiam-se na escrita. Não existiam mensagens políticas, nem existencialismos disfarçados de crianças. Eram e são histórias para crianças que só precisam de ser isso mesmo.
Eu, embora adulto, ainda gosto de revisitar essa ingenuidade, por momentos sentir-me ainda criança. Só tenho conseguido este breve e quase efémero sentimento, enquanto leio, nos personagens da Harvey e nos da Marge. Quando não leio, é fácil: brinco com o meu filho. Nunca hei-de ser velho ao ponto de não tentar sentir-me como uma criança.
(*) Menos a Diabba (estava feito ao bife, se não abrisse a excepção, como podem ver pelo exemplo de cima).
6 comentários:
mais uma viagem pela infância de muitos de nós, Refém, eu também lia esta bd em pequeno mas infelizmente acho que já não possuo nenhum exemplar. :(
Confesso que até agora não sabia quem tinha criado estes personagens. :)
So os conheço da pub das revistas Abril mais antigas que comprava nos alfarrabistas.
Li montanhas disso quando tinha à volta de 10 anos, e adorava!
Em brasileiro, claro... não se alguma vez chegaram a ser editadas em português de Portugal.
Apesar de eu ser mais novo do que todos vós eu também li toneladas disso, posso dizer que a revista da LULU e do Bolinha a par com as revistas da turma da mónica, foram o primeiro contacto que eu tive com BD, graças à minha irmã que certo dia me emprestou a colecção dela.
Ela agora já não lê BD, mas eu continuei:)
fiquem bem
Ahhh não precisas de abrir excepção, eu sempre senti que entrava no clube dos meninos... lia os livros e sabia tudo o que lá se passava! hehehehe
enxofre
Mas obrigado pelo escancaramento de porta ;)
hummm estás numa de me passar manteiga?? (em desconfiada mode)
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