quinta-feira, 10 de abril de 2008

Augusto Cid, o Raphael Bordallo Pinheiro do pós-revolução dos Cravos.


Augusto Cid, Augusto José Sobral Cid (Horta, 1941-) é um cartunista e caricaturista político e ilustrador português. Efectuou estudos do ensino secundário nos colégios Infante Sagres e Moderno e nos Estados Unidos da América. Frequentou o curso de Escultura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Colaborou nos seguintes jornais e revistas: A Parada da Paródia, A Mosca, Diário de Lisboa, Lorentis, Observador, Século, Vida Mundial, O Jornal Novo, Povo Livre, A Tarde, O Dia, O Diabo, Semanário, O Independente, Focus, Grande Reportagem e Sol. Colaborou ainda com a estação televisiva TVI. Cartunista provocador, satirizou frequentemente figuras como Álvaro Cunhal, Pinto Balsemão e Ramalho Eanes (dois dos livros de Cid sobre esta personagem, O Superman e Eanito, el Estático, foram apreendidos judicialmente). A investigação do desastre aéreo de Camarate foi uma das causas que abraçou.
O parágrafo supra é o que a Wikipédia diz, e muito bem! Eu descobri o Sr. Augusto Cid na década de 70 e embora não soubesse ler muito bem, achava muita graça aos desenhos, pois claro! Vivíamos um período em que mesmo não percebendo concretamente o que se passava, sabia que se passava alguma coisa e aquelas caricaturas eram as estrelas que desfilavam nos palcos dos acontecimentos nacionais. Anos depois, já mais maduro, finalmente apercebi-me o que se tinha concretamente - ou quase - passado. Mas como a história contada pelos intervenientes tem sempre várias interpretações, são necessárias pessoas com um espírito caustico que saibam dar uma visão mais profunda daquilo que seria - ou gostariam que fosse - a verdade. Até hoje nunca li nada, com ilustrações ou cartoons, mais abrasivo, do género "meter o dedo na ferida", do que os absolutamente divertidos e assustadores livros do Augusto Cid. O jornal O Diabo, com a Vera Lagoa como directora e o Cid como cartoonista, desmascarava a farra da Politica Portuguesa, e eu adorava! Hoje temos o Contra-Informação, e ainda bem!
A capa do livro que eu incluo aqui foi o primeiro que alguma vez vi, comprado pelo meu Pai. Ainda hoje o leio e farto-me de rir...com um sorrizinho amarelo, por vezes, claro, pois ainda hoje andamos a pagar pela dança das cadeiras e a inexperiência dos personagens aí caricaturados.
A última obra publicada foi O Cavaleiro do Cartoon e podemos, todos os anos e em conjunto com outros caricaturistas também muito dotados (É lá!), ver compilações dos seus cartoons nos livros Cartoons do Ano.
Ficam para a história livros como "O que se passa na frente" com cartoons da sua experiência na Guerra do Ultramar (foi reeditado com mais alguns cartoons que não figuravam na primeira edição); "O Superman"; "Eanito, el Estático"; "O Produto Interno Brito" e muitos outros mais. Um livro da Companhia de Seguros Império, de oferta aos colaboradores, agentes e clientes especiais; nas carteiras de fósforos Quinas durante uns Jogos Olímpicos (que não me recordo quais foram; provavelmente os de Los Angeles); em postais de turismo.
Também fica para a história o seu esforço hercúleo a defender a memória do Primeiro Ministro Sá Carneiro e a tese que este foi assassinado...eu acredito! De leitura obrigatória: "Camarate" e "Camarate: Como, Porquê e Quem".
Para mim, o Sr. Augusto Cid é um dos nomes mais importantes da cultura e informação Portuguesa do século XX e XXI.
Muito obrigado caro Augusto Cid.

2 comentários:

Nuno Amado disse...

Também me lembro dos cartoons dele da altura ! :-)

jose rodrigues disse...

Boas!
Acabei de encontrar Eanito El estático à venda no miau e achei a capa bem divertida.Quanto ao Tarzam li-o à pouco tempo e subscrevo o que foi dito antes.