terça-feira, 29 de abril de 2008

VASCO GRANJA E O "CINEMA DE ANIMAÇÃO"

Não é BD, mas tem tudo a ver!


Li há pouco tempo um texto sobre o Vasco Granja e não dizia coisas bonitas sobre o programa dele na RTP. Isto levou-me a escrever este post sobre ele e partilhar com quem lê este Blog, e que já tem uns aninhos em cima, algumas considerações pessoais sobre o Vasco Granja e o seu programa “Cinema de Animação”, estreado em 1974.


Tendo eu crescido também na companhia do Vasco Granja e sendo eu hoje um fervoroso admirador de BD e de Cinema de Animação – no qual incluo os Cartoons ou Looney Toons – não posso deixar de recordar esses famosos "Koniec" (lê-se "Konieche"), os quais eu tanto abominava. É certo que pelo período, em Portugal, estes filmes de animação eram incontornáveis. Eu e todos que eu conhecia, adultos incluídos, não compreendíamos essa animação, achava-se até que era imprópria para crianças. Hoje, adulto, dou-lhe agora valor. Não quero dizer com isto que a aprecio, mas pelo menos conheço mais do que os Cartoons Norte Americanos pejados de um outro tipo de "violência" – reparem nas aspas, por favor. Nos EUA e nos países que importavam a sua cinematografia, a comédia ainda se apresentava um pouco na escola do grande Buster, e, claro, do Charlie Chaplin, entre outros: não havia nada melhor para largar uma gargalhada do que uma tarte na cara, um pontapé no traseiro ou um grande trambolhão; por isso, tentar de tudo para comer um canário, um Road-Runner, ou um coelho enxovalhar um pato era receita certa para rir.
Mas quero fazer justiça ao caro Vasco Granja, porque ele a merece. Ele trouxe-nos de tudo um pouco e sendo ele maestro do seu programa era justo que desse a conhecer coisas que ele gostava; e estou certo que outros também gostavam. Serviu para trazer a todos nós nem que fosse o conhecimento da palavra “Fim” em Polaco. Esquece-se, quem lhe faz criticas tão ferozes, que se conheceram Friz Freling, Hugh Harman, Ub Iwerks, Rudolph Ising e o resto dos muchachos do Leon Schlesinger’s Studio, e depois da Warner Bros. (com a MGM no meio do caminho) devê-lo-á agradecer ao Vasco Granja. Se sabe o que são as Merrie Melodies e os Looney Tunes e claro o nome do também grande Chuck Jones, a quem o deve? Ao Vasco, claro! Centenas de horas deste tipo de animação. A primeira vez que ouvi falar de Anime foi da boca do Vasco. Outro cinema de animação, como o Canadiano com o brilhante, genial, Norman McLaren (que eu também não gostava muito, mas hoje dou-lhe todo o valor- naquele tempo só gostava mesmo era dos Looney Tunes), foi de facto o Vasco, claro, quem mais?! Se a pronúncia do Inglês do Vasco Granja não era perfeita – como alguns o acusam – é porque ele não é Inglês! Criticam-no por explicar o filme antes do visionamento; pergunto: Não seria para que as crianças que ainda não conseguiam acompanhar as legendas o pudessem compreender melhor?


Na revista Tintin li grandes entrevistas levadas a cabo pelo Vasco Granja. Foi com o Vasco e com outros da sua geração que Portugal viveu o seu melhor período bedéfilo de sempre. Desde então, Cinema de Animação é uma miragem autêntica. Os canais de cabo têm animação para criancinhas o dia todo, é verdade; e elas gostam, é verdade.


A mim, agora que gostava de ver o que se faz por esse Mundo em animação, faz-me falta o Vasco.


PS: Aconselho a leitura de uma entrevista feita ao Vasco Granja em 2003 através do seguinte URL: http://www.amordeperdicao.pt/especiais_solo.asp?artigoid=119
Agradeço a foto colocada neste post ao amordeperdição.

9 comentários:

Nuno Amado disse...

Fica este meu comentário... Vasco Granja foi dos amantes e dinamizadores da BD em Portugal mais maltratados por uma editora de BD!
Primeiro essa editora publica um livro sobre ele "Vasco Granja - Uma Vida... 1000 Imagens", um livro onde participam 26 pessoas ligadas a esta arte, com um custo, digamos... brutal de 30,80€ !
OK... pronto... 30€ !
Depois passado, mais ou menos um ano vi este livro à venda por 9€... isto é o verdadeiro desrespeito pela BD e por um dos seus maiores dinamizadores !
Esta editora primeiro fez um livro excusadamente e estupidamente caro, e depois arrasta o livro "pela lama"!
Esta editora chama-se ASA.

Ainda me lembro da revista Spirou, foi a primeira revista que eu comprei todos os números com dinheiro meu (ficava sem tusto), e ao fim de 30 e poucos números acabou... lembro-me que talvez tenha sido a última tentativa deste género em Portugal, e foi o V. Granja! O BD Jornal e outros que apareceram não são feitos nos mesmos moldes... as series do Spirou eram do género das da revista Tintim! De top...

refemdabd disse...

Amém, caro amigo...ámem! Eu nem quis escrever sobre isso...até fico mal disposto só de pensar no assunto. Uma VERGONHA! Folgo em saber que não sou o único a pensar assim.

DC disse...

Num FIBDA há 2 ou 3 anos atrás convidaram o autor para lá ir e... nesse mesmo FIBDA meteram o livro a 3€!!! Humilhação pública...

Paula Mendonça disse...

Eu sou hiper mega fã de Bd, aoponto dos meus colegas de trabalho me chamarem de BD.
Adivinhem quem foi o principal responsável por isso? Vasco Granja. Vivia numa localidade de provincia, onde não existiam bibliotecas, videotecas e outras "ecas", termos tv era um luxo e ter pais permissivos era um bem essencial à minha imaginação. Assim, cresci e aprendi que a imaginação fertil é útil e hoje sou escritora também. Sou mãe e adoro dar à minha filhota um poucodessa imaginação.
É PENA que não hajam mais Vascos Granja, hoje em dia, com dedicação´ao munda da criança, tanta vez esquecido.
Parabéns e homenageio aqui esse grande SR. da nossa televisão e da nossa infância. O meu BEM HAJA!

refemdabd disse...

Olá Paula, bem-vinda aos comentários do Reféns da BD.
É bom saber que existe alguém que ainda vai lendo os meus posts, especialmente os mais antigos.
Melhor é saber que o grande Vasco Granja é admirado e tido em conta de grande comunicador na área cultural que é o cinema de animação e a BD em geral.
Obrigado pelas tuas palavras, continua a aparecer e a comentar.

PS: fui aos teus blogs e diverti-me imenso com um deles; também gostei dos outros, em especial o sobre a China (muito bom).

Anónimo disse...

Amanhã, na Leya, que adquiriu a Asa, deixa estar que o livro vai já passar dos 3 € para os 30 €. Abutres!!

Paulo Ferreira disse...

Na Sábado passado, longe de mim pensar que o Vasco iria falecer esta Segunda-feira, comprei na feira do livro no pavilhão da Leya dois exemplares do livro "Uma vida... 1000 imagens" pela módica quantia de 3.00EUR. Meus amigos, que ler este post e for comprar o mesmo livro e realmente este tiver um preço diferente, é razão para pedir o livro de reclamações e divulgar essa monstruosidade neste espaço.

refemdabd disse...

Eu comprei esse livro quando ele saiu e custou-me os 30 Euros. Achei que era um livro caro, mas acabei por achar que merecia o dinheiro, pois retratava um dos maiores vultos da BD Portuguesa. Mais tarde, pouco mais tarde, senti-me roubado, obviamente.

Paulo Ferreira, bem-vindo. Se isso acontecer, pode acreditar que não me calarão. Sempre fui muito critíco da ASA e embora a responsável pela BD seja uma pessoa de bem e merecedora de todo o meu respeito, não me inibo de lhe tecer as maiores criticas. Talvez algumas sejam injustas, não sendo eu possuidor de toda a informação sobre determinadas decisões. De qualquer maneira, faço-as. Poderá sempre rebatê-las neste blog, ou noutros que achar mais merecedores.

Miguel Lima disse...

Caríssimo,
antes de tudo MUITO OBRIGADO! pelas palavras de apreço a um dos maiores vultos da nossa Sociedade da informação - se não o maior e o precursor desta última no nosso País e numa época em que não existia a Internet.

deparei-me com este «espaço cibernáutico» por mero (mas feliz) acaso, numa pesquisa sobre a figura (sempre animada) de Vasco Granja.
bem haja pela sua iniciativa em divulgar alguns dos nomes do cinema de animação que tantas alegrias me proporcionaram na minha infância.

e continue com o EXCELENTE TRABALHO! :)