quarta-feira, 22 de outubro de 2008

SPEED RACER, GO, GO, GO!

Speed Racer! Vi ontem o filme dos irmãos Wachovski e fiquei banzado. Estes irmãos conseguiram, mais uma vez, espantar-me com mais uma grande produção de efeitos visuais vertiginosos e estonteantes (literalmente), também marcadas por uma beleza cénica , um tanto ou quanto kitch (é certo), pouco vulgar, mas bastante vincada e que me agradou imenso. Se forem eventualmente susceptíveis àquelas hipnóticas imagens dos jogos, o melhor é não verem, senão arriscam-se a um ataque epiléptico. É um filme de acção; espirituoso pelas interpretações do “irmãozinho” mais novo do Speed Racer e seu chimpanzé maravilha; repleto de vilões extremamente bem caracterizados; com uma história muito bem escalonada e coerente; com interpretações a um muito bom nível; fantásticos bólides com OH! SO NERDY e detalhadas especificações técnicas de cada um; muitas corridas completamente, absolutamente, fabulosas e arrepiantes. Como podem ver, adorei. O mesmo não posso dizer do resto do Mundo, pois o filme foi um enorme flop de bilheteira: custou mais de 120 milhões de Dólares e rendeu cerca de 90 milhões!

Mas este é um blog sobre BD, Comics e afins, por isso poderão (alguns) estar-se a perguntar: E então, o que é que isto tem a ver?! Bem, tudo. Este personagem (Speed Racer) nasceu como uma Manga, em 1966, onde originalmente o personagem dá pelo nome de Mifuno. A Manga (estilo Shuisha Shonen, em formato tankobon) chamava-se Mach GOGOGO (マッハGoGoGo, Mahha GōGōGō?) e foi criada por Tatsuo Yoshida. Em 1967 foi adaptada para Anime pelas Produções Tatsunoko pela mão do mesmo Tatsuo. Chegou ao Ocidente (Inglaterra) e foi traduzido para Inglês como “Speed Racer, Mach GoGoGo”. Mais tarde, os Norte-Americanos adquiriram os direitos.

As aventuras rodam à volta de um jovem que é apaixonado por corridas e que corre o Mundo dedicando-se à sua paixão. Cada história traz um enredo novo, de mistério e acção, onde toda a família do jovem herói o acompanha, desempenhando papéis relevantes. O outro grande herói destas aventuras é o fantástico e ainda hoje muito actual (futurista mesmo) Mach 5, o carro de corrida desenvolvido pelo Pai (Pops) do Speed Racer. Mach 5 no Ocidente, porque “Go” é a palavra Japonesa para “5”, daí “Mach Go” e depois de traduzido para o Inglês, “Mach 5”. As corridas são marcantes por não terem barreiras nem limites de lealdade e onde os bólides são capazes das mais incríveis acrobacias

Eu conheci este personagem através da Editora Abril, nos anos 70. Tenho alguns destes gibis, decidi ir à procura deles e mais uma vez deleitar-me com a sua leitura. Não foi uma decepção, mas também não me deleitei. O estilo demasiado juvenil já não me conseguiu de novo cativar.
Haveria muito para escrever sobre o Speed Racer, pois há uma legião de fãs que acompanha este herói desde a sua criação. Não vou aqui descarregar toda essa informação, pois não a acho assim tão interessante, vista ao pormenor. Ficam algumas imagens e o conselho de verem o filme. É um filme para toda a família, os miúdos vão adorar. O jogo também não teve as melhores críticas (falta-lhe a velocidade marcada pelo filme).

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

FABULOUS FURRY FREAK BROTHERS


Para além de ter estado de férias, sofri também de “bloqueio de escritor”. Andava às voltas na minha colecção para ver se conseguia estar à altura dos elogios de quem lá vai lendo este blog me tem feito (os quais e às quais, obviamente, agradeço). Conseguir arranjar ideias para aqui colocar banda desenhada ou comics que o pessoal eventualmente conheça pouco, ou não conheça mesmo, não é nada fácil. Daí ter passado os olhos por estes estarolas e ter logo sorrido. Não acredito que não conheçam estes “dop-heads”, nem que seja dos álbuns que a editora Brasileira, L&PM, nos trouxe.
Descobri estes “gandas malucos” nos idos anos 80, onde, segundo o meu perfil, eu era um doudo. É certo que já experimentei fumar charros…e inalei, pois está claro. Também poderão conhecer a substância por besego ou besegol, bobs, xamon, shit, ganza, karate combien, haxixe e eu sei lá mais o quê – aliás, lanço aqui um passatempo: digam nomes para os quais a substância estupefaciente poderá ser conhecida. Também fica a questão: quanto é que é uma dose individual de haxixe?!!! Sempre me perguntei quanto é que seria…meio-conto?! Um pintor?! Será à grama?! Também tem que ficar óbvio que não sou apologista que quem quer que seja experimente tal coisa. Sou hoje muito propenso a aconselhar exactamente que nunca experimentem tais coisas. Foi divertido? Houve vezes que sim; houve outras que não. Compensou o dinheiro e a perda de neurónios, para além de ter me ter arriscado a maleitas de difícil recuperação? Absolutamente NÃO. O mesmo direi e veementemente mais convicto de outras substâncias proibidas “mais pesadas”, embora não tenha experimentado, entre muitas outras, a mais odiosa de todas, a Heroína (vi o que ela fez a alguns dos meus mais próximos amigos para saber que não se olha para o cano de uma arma carregada e extremamente instável!). LSD, PCP, Mescalinas e companhias limitadas também foram por mim sempre banidas de qualquer experiência…sabe-se lá como cada um reage a tais cenas (tive um amigo que ainda hoje, 20 anos depois, não se reconhece ao espelho). A ganza também pode ter esse efeito. Parece mentira, mas é verdade. “Cada um é como cada qual”, diz o povo; também dizem “a mim isso não acontecerá”…pois…mais vale não arriscar, pois pode-se petiscar muitas outras coisas com um risco muito, mas muito mais ponderado. Bisonte Gordo falou.

Tendo feito o que me competia, passo agora aos janados que aqui me trouxeram (onde a Marijuana é rainha): os Fabulous Furry Freak Brothers e seu criador, Gilbert Shelton (e não Sheldon, como muitos o gostam de chamar).
O Gilbert é Texano e é rapazinho para 68 anos, e claro está, viveu o auge da década de 60 e 70, tendo mesmo sido amiguinho da Janis Joplin (pois…não me admira nada) e do Robert Crumb. Tendo jeito para o desenho e tendo, também, um espírito cáustico, não faltou muito para, sobre o efeito de algumas tristemente célebres drogas (ou na ressaca destas; fossem canabinóides psicotrópicos, fossem engenharias farmo-psicadélicas), ter criado a tripla mais mócada da história dos comics. Se os Três Stooges fumassem “charutos” e fossem um bocadinho mais inteligentes (tirando o caso do Fat Freddy) poderiam interpor um processo por plágio. Para além de ser o autor desta imbatível tripla, o Gilbert também é autor do “Fat Freddy’s Cat” (um spin-off da série), “Not Quiet Dead” e da série “Wonder Wart-Hog”. Também foi o artista da capa do álbum “Shakedown Street” (1978) dos Gratful Dead.
O Gilbert nunca foi, talvez surpreendentemente, um alvo preferido da censura Norte-Americana. A explicação prender-se-á pelo facto das suas publicações terem sempre sido muito undergroud. Mas despertou a ira do Joe Shuster (co-criador do Superman) pela criação do personagem “Wonder Wart-Hog”, o suíno de aço. Publicado em 1961 (antes dos FFFB - 1968), o personagem é um tímido repórter que se transforma num machista chauvinista, reaccionário e repressor, dono de um pénis minúsculo e de um apetite sexual neurótico nunca saciado. Pela obnóxia paródia à criação de Shuster, mereceu o descontentamento deste.

Os Freak Brothers apareceram em 1968 nas publicações undergound “Rip of Press”. Quando esta fechou, continuaram a ser publicados pela “Playboy” (não se vê só gajas nuas na Playboy; eu comprava-as pelas BDs que traziam, claro!), “High Times” e “Rip of Comix”; também eram depois editadas em formato comic. Shelton teve a colaboração dos grandes Paul Mavrides e Dave Sheridan (podem-se ver as histórias compiladas destes três fabulosos artistas nos números 6 e 7 da série). A última história dos Freak Brothers foi já há 16 anos. Têm 12 números (mais um número 0) em comics.

Os Freak Brothers são aparentemente uma leitura divertida e desligada. De facto, sempre se preocuparam em atacar a ala mais conservadora da política vigente. Debatendo-se por liberdades que o Estado restringe, foram sempre um bastião na luta pelas liberdades civis (principalmente as mais extravagantes).

Os personagens são do mais dispare que se possa imaginar:
Freewheelin’ Franklin é o espertalhaço, criado num orfanato sem nunca ter conhecido outra casa que não fosse a rua, vestindo-se à cowboy, até poderia ser um biker se não gastasse o guito todo na “tchouza”.

Phineas T. Freakers é o intelectual e o idealista do grupo; criador de novas drogas; activista político e ambiental; guedelhudo convicto. É o estereótipo do radical de extrema-esquerda no seu melhor. Por incrível que possa parecer, o Phineas é Texano (um dos mais conservadores estados do EUA) e apesar de ser filho de uma Mãe (hehehe) mais ou menos liberal, o seu Pai personifica o cúmulo do “conservadorismo”.

Fat Freddy Freekowtsi é que nem um penedo! Burro como uma porta! Consegue estragar o negócio mais fácil, e quando não estraga na altura, mais tarde compensa. Ávido consumidor de MJ (que, aliás, é o que todos eles mais consomem), tem um apetite à altura da sua janadice. Na ressaca, come mais do que um cavalo. Não há frigorifico que resista à desmesurada gula deste mentecapto acéfalo pelas drogas que já consumiu, embora digam que já antes de ter abraçado o vício já assim o era.

O “Fat Freddy’s Cat” não aparece, por hábito, nas aventuras dos mitras que aqui descrevo. Tem o seu lugar no rodapé dos comics ou em páginas só suas. Estão a ver o Garfield ou outros gatinhos mais cutchis? É que não tem nada a ver. É um velhaco que até dói à alma. Refere-se ao seu dono como “o obeso” (“the obese one”).

Dos outros personagens secundários destaco o inesquecível Norbert the Nark, o frustrado némesis dos Freak Brothers. Por si só um tratado.
É bastante fácil encontrar estes comics, mesmo em Português (no Brasil). Mesmo que nunca tenham fumado um joint na vida…e inalado…(e se não, não comecem agora sff), posso-vos garantir que gargalhadas são garantidas.