sexta-feira, 22 de maio de 2009

THE LOSERS


The Losers é um comic que me deixou em pulgas para lhe ver o fim. Já não lia algo assim há algum tempo. Aquele tipo de trama que nos faz ficar agarrados à história até ao fim, sem descansar. São cinco volumes trade editados pela Vertigo, tendo sido publicados em comic em 32 números desde 2003 até 2006. Os volumes tradepaperback têm uma qualidade de impressão excelente, diga-se. Foram-me aconselhados pelo Vasco, da BDMania, o qual tem um excelente gosto em comics e no qual eu confio inteiramente.

Mas vamos recuar um pouquinho (é favor!) no tempo. Dos meus tempos idos, tempos em que me iniciava nos comics com a preciosa ajuda da Ebal, o que eu lia com maior prazer eram as edições que retratavam a II Guerra Mundial. Sendo um leitor assíduo das aventuras da segunda série do Falcão, era natural que tivesse evoluído para outras edições. Aventuras com o Sargento Rock eram as minhas favoritas, outras com o Soldado Desconhecido também figuravam como favoritas, e no final todas as que figuravam nos comics períodicos originais Norte-Americanos na “Our Fighting Forces”, na “All-American Men of War”, “G.I. Combat”, “Star-Sprangled War Stories” e ,claro, “Our Army at War”, que eram reproduzidas pelas edições da Ebal, eram todas bem-vindas e devoradas intensamente. Naturalmente apercebi-me (sem me dar conta!) que havia um Senhor que escrevia e desenhava certas histórias que eu preferia acima de outras: Jack “The King” Kirby. Este rivalizava nos meus gostos com outro bem mais prolífico nestas andanças: Joe Kubert. O Joe Kubert era o mestre por detrás do duro Rock (do qual é co-criador). Já o Kirby, esteve brevemente por detrás de uma série que eu idolatrei: The Losers. É necessário dar os créditos de criação destes heróis/anti-heróis ao seu dono, o grande Robert Kanigher (Sgt.Rock, The Losers, Black Canary, Lady Cop, The Harlequin, entre muitos outros, figuram como suas criações). Pesando o facto que o Kubert também contribuiu para a série, aquelas que eu mais gostava eram de facto as do Kirby. Estes Losers eram tipo uns indomáveis doze patifes à lá comics. Comandados pelo Capitão Storm (Capitão na Armada Norte-Americana) , os outros três participantes neste improvável grupo eram: Johnny Cloud (Navajo), Sarge Clay (um dos mais antigos Marines a servir na Guerra) e o Gunner MacKey (um dos mais novos). Por todos eles partilharem o facto de terem perdido homens e amigos em combate, pelos quais se sentiam responsáveis, apelidavam-se a eles próprios “The Losers”. Combatiam nas condições mais extremas e nos cenários mais difíceis. Eram os meus preferidos. A Ebal não publicou muitas destas aventuras, face ao maior sucesso do Sargento Rock, o qual também se encontrou com estes personagens em algumas aventuras, à semelhança do “Unknown Soldier”. Muito recentemente, qual foi o meu gáudio quando a DC publicou em edição de luxo as seis aventuras dos “The Losers”, pela pena do Kirby. Foi uma maravilhosa surpresa quando a minha esposa, no meu aniversário, entre outras grandes edições de comics, me ofertou este maravilhoso livro.


Quando o Vasco, na minha última ida à BDMania, me sugeriu o “The Losers”, eu disse-lhe que já o tinha. Na conversa percebemos que não estávamos a falar da mesma coisa! Foi aí que eu fui apresentado a este “The Losers” que me trás aqui. Embora possa parecer muito vagamente inspirado no original, este “The Losers” é pelo seu autor (Andy Diggle – já lá iremos) confessado como não terem nada a ver com os originais, uma vez que nunca leu nenhuma das aventuras desses últimos.
Os autores destes “The Losers” são os Britânicos Andy Diggle e Jock (Mark Simpson), os quais podemos ver na foto (da esquerda para a direita: Mike Carey, Andy Diggle e Jock). O Andy é conhecido pelas suas incursões em personagens como Swamp Thing, Adam Strange e Silente Dragon, para além de ter sido um dos editores da famosíssima 2000AD. O Jock também já tem os seus créditos firmados em edições 2000AD, em séries como o spin-off do Judge Dread, Lenny Zero e noutras como Hellblazer, Green Arrow e no mais recente Faker com o Mike Carey.


A história deste “The Losers” centra-se num grupo de Black Ops do exército Norte-Americano que se vêem traídos pela sua contra-parte da CIA na pessoa de um tal Max. Este Max é um ghost criado pela CIA com o objectivo de financiar A Companhia nos seus projectos mais obscuros. Dados como mortos na sequência de uma operação secreta, presumivelmente assassinados pela própria CIA a mando desse tal Max, decidem então criar um plano para se retirarem da lista negra de alvos a abater pela Companhia. Esse plano consiste na obtenção de provas das operações ilegais de financiamento da CIA, como o tráfico de droga, armas e consequente lavagem de dinheiro. Estas provas servirão de arma para chantagear a CIA e obrigá-la a retirá-los dessa suposta lista de alvos a abater na qual se julgam figurar e que os obrigam a uma vida na clandestinidade, impedindo-os de retomar a própria vida.
É uma história complexa, mas muito fluida, cheia de traições, equívocos, acção, estratégia, etc. Muito bem escrita e também muito bem ilustrada, é um exercício nas histórias de espiões e teorias de conspirações. Denota um espírito muito crítico à forma como certos assuntos internacionais conhecidos na realidade poderão ter sido de facto conduzidos. Não abdica, no entanto, de um tom de humor ao longo do enredo, aliado ao cinismo próprio que todas estas histórias já nos habituaram. Ao longo da trama desenrolam-se constantemente dúvidas que nos prendem ao guião e que nos compelem a ler, sem parar, para descortinarmos o fim.
A citação do Director da DEA, que afirma nunca ter tido um grande caso que não culminasse na dúvida ou na certeza da envolvência de uma qualquer Agência secreta faz-nos pensar na eventual podridão dos sistemas que nos governam e à qual o nosso sistema também não será alheio (vejamos o muito mal contado caso Camarate).


De leitura obrigatória para quem uma boa história de conspirações faz as delicias. Para terminar, será adaptado ao cinema muito brevemente.



Brevemente neste blog: Global Frequency por Warren Ellis e uma cambada mais de gente muito virtuosa.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

ATÉ SEMPRE.

Hoje este Blog está de luto. Faleceu um grande, enorme, vulto da BD em Portugal: Vasco Granja (10/07/1925 - 04/05/2009).
Hoje tive o prazer de tornar a ouvir o Vasco Granja nas entrevistas do Carlos Vaz Marques na TSF, poderão ouvi-la novamente à noite a partir da 01h00m.

Hoje estamos muito mais pobres e tristes.

Até sempre, amigo Vasco Granja.