

Naoki Urasawa é um mestre em thrillers e um dos mais conhecidos e aclamado Mangaka na actualidade. Com formação académica em Economia preferiu a carreira de autor e desenhador de Manga (vulgo Mangaka). Começa a sua carreira de Mangaka em 1983 com o título “Beta!”, desenhou “Pinaple Army” e “Master Keaton”, é autor e artista em “Yawara!”, “Dancing Policeman”, “N.A.S.A.” e “Jigoro”. É a partir de 1994, com “Monster”, que atinge o estrelato e, desde então, todos os seus trabalhos são aguardados com ansiedade por uma legião de fãs. No ano 2000 Urasawa afirma-se ainda mais, mostrando aos fãs do género que não é um autor de uma obra-prima “apenas”: ao mesmo tempo que publica o enorme sucesso “Monster” inicia “20th Century Boys” (“Monster” termina em Dezembro de 2001). Em seguida, adapta a imortal obra de Tezuka Osamu conhecida no Ocidente como “Astro Boy” tomando o título “Pluto” e que o confirma no estatuto de “monstro sagrado” da Manga (já agora, será o título “Pluto” uma analogia à comédia de Aristófanes – que deveria fazer parte do plano de leitura nacional - numa perspectiva que não a do dinheiro, mas da vida e dos direitos?). Nos seus thrillers, Urasawa usa e abusa de referências de todo o género, algumas difíceis de acompanhar, “20th Century Boys” é o melhor exemplo deste especial gosto do autor; também nesta série, o autor mostra o seu gosto pela música (Urasawa é também vocalista e guitarrista de uma banda com trabalho editado http://www.youtube.com/watch?v=CxWaTpXlnUo ). Actualmente, e desde 2008, trabalha na

“20th Century Boys”, eu deveria esperar pelo fim da edição em Inglês desta obra de 225 capítulos em 22 volumes antes de a comentar, mas não consigo esperar. Vai no 11º volume publicado pela VIZ Media em Inglês; os últimos dois volumes têm o título “21st Century Boys”.
“20th Century Boys” é, demograficamente, um “seinen” (jovens adultos e adultos). Foi publicado originalmente entre os anos 2000 a 2006 tendo arrebatado por completo o público e a critica de Manga e não só. Ganhou prémios no Japão e nos EUA. Não foi difícil perceber porquê depois de o ter começado a ler. Desde as primeiras páginas que se mostra como uma obra muito madura e fruto do profundo conhecimento do panorama em que decorre e também da imaginação, desde a realidade japonesa dos finais dos anos 60, no séc.XX, até aos ainda i

A história começa nos finais dos anos 90 no séc. XX apresentando-nos Kenji Endo, um trintão dono de uma loja “franchisada” que encontra conforto na sua feliz infância e, em aparente paradoxo, na sua adolescência que não vingou dos sonhos de um futuro promissor, para lidar com a sua actual insípida vida. Tomando conta da sua rabugenta mãe e de uma sobrinha, Kenji é confrontado com a morte de um amigo de infância e o desaparecimento de um cliente. A partir destes dois acontecimentos, que depressa se descobrem interligados, começa a intricada trama para “salvar o mundo”. A obra é repleta de “flashbacks” que oportunamente nos transportam a outras épocas onde se deram determinados acontecimentos que culminam na destruição da sociedade Japonesa conforme se conhecia até então. Kenji vê-se atraído para um mistério que se vai adensando, embora que contrariado ao princípio depressa se envolve com espírito indomável de missão extrema. Pelo caminho descobre que acontecimentos passados na sua infância, já esquecidas típicas brincadeiras de criança, subitamente vêm à
superfície através de um culto, de uma seita, liderada pelo auto-intitulado “Friend”. Esta seita cresce rápida e perigosamente, convergindo nas intenções pré delineadas pelo seu líder na tomada do Poder e mais. Os acontecimentos, alguns catastróficos, que se vão dando ao longo do percurso de ascensão e consequente hegemonização da seita, são curiosa e misteriosamente iguais àqueles descritos num diário do clube das brincadeiras de infância de Kenji e seus amigos, diário imaginado e escrito pelo próprio Kenji. Esse diário é chamado pela seita dos “Amigos” como “O Livro das Profecias”. Um enredo que assenta na premissa do perigo poder vir do lado que parecer mais inócuo. No caso japonês, assolados por seitas, o perigo embora desdramatizado pelas autoridades é real, conforme acontecimentos dramáticos que já ocorreram no Japão (20 de Março de 1995). Também por o combate ao perigo estar nas mãos dos mais prováveis personagens, o homem e mulher comum. Não existem super-heróis com poderes fantásticos, mas homens e mulheres que num dado momento e debaixo de dadas circunstâncias são obrigados a tomar decisões e empreender acções que poderão ser vistas como extraordinárias, heróicas.






Eu, pelo que até agora li, aconselho com veemência esta série Rock’n Roll Manga.

Este é o link para a música do filme “live-action” “20th Century Boys”, cantada pelo próprio Naoki Urasawa (ainda bem que ser cantor não é o seu principal ofício, gostos à parte!) e da autoria de “Bob Lennon” (Kenji Endo), “Gu ta la la”:
http://www.youtube.com/watch?v=cth3QHUDF_I&feature=related
A versão japonesa, ao vivo em 1992 no Tokio Dome de “20th Century Boy”(T.Rex), por Hide:
http://www.youtube.com/watch?v=h2UYOpW-3G4&feature=related
Ou, com um som melhor, em 1994, pelos mesmos Hide:
http://www.youtube.com/watch?v=TO_uUrvpOj0&feature=related
